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sábado, 21 de dezembro de 2024

A Fantástica História de Chico Rei

Embora não exista comprovação histórica de sua existência, Galanga, ou Chico Rei, é um personagem lendário presente na tradição oral mineira desde o século XVIII.


Galanga era rei do Congo, mas acabou capturado com a família por portugueses e enviado ao Brasil para ser vendido como escravo. Durante o trajeto, sua mulher, rainha Djalô, e a filha, princesa Itulo, foram lançadas ao mar.

Galanga chegou ao Rio de Janeiro em 1740 e foi rebatizado Francisco. Ele e o filho Muzinga foram levados por um Major para trabalhar na Mina da Encardideira, em Vila Rica (atual Ouro Preto). Durante muito tempo, Chico trabalhou duro e pôde comprar a própria liberdade e a de Muzinga. Há quem diga que ele escondia ouro em pó nos cabelos e ao fim da jornada de trabalho lavava os fios para recuperar o metal.

Na sequência, Chico comprou a alforria de outros escravos e, com o passar do tempo, de olho nas dívidas do patrão, foi capaz de adquirir a Mina da Encardideira, agora mina de Francisco, o rei.

Com a prosperidade alcançada pelo garimpo, libertou mais escravos com quem teria chegado ao Brasil, muitos deles seus súditos no Congo. Os alforriados o chamavam "rei".

A devoção à Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e à Santa Efigênia fez com que Chico construísse com outros negros, em Vila Rica, uma igreja dedicada às santas, o ano era 1785. A igreja possibilitou que eles realizassem suas festas com danças e cantos para louvar as protetoras.

Galanga morreu de hepatite aos 72 anos. O filho seguiu como Rei do Congado, assumindo a posição que pertencia ao pai. Chico Rei é celebrado até hoje em festas populares que têm canto, dança, procissão e até coroação dos reis do Congo. Vem daí o nome dessa festividade: Congada, Congado ou simplesmente Congo. A comemoração é feita em meses distintos ao longo do ano, por homenagear santos negros na data de aniversário de cada um. Por ser uma figura tão importante no folclore de Ouro Preto, Chico Rei é celebrado na cidade no mês de janeiro, já que ele costumava organizar solenidades no Dia de Reis.

 


sexta-feira, 19 de julho de 2024

Tradição em Independência: Primeira banda de músicos nos festejos de Sant’Ana de Independência. - Prof. Ricardo Assis

Banda Vicente Fialho, primeira banda dos festejos de Sant'Ana

 

Durante décadas de festejos de Senhora Sant’Ana na paroquia de Independência, uma das tradições que acompanha a imagem de Senhora Sant’Ana é a tradicional Banda de Músicos.

Sempre, todos os anos, ao inicio dos festejos e em frente a igreja matriz, os acordes e notas do saxofone, trompete, trombone e flautas e percussões dos músicos ecoam músicas católicas e hinos de Sant’Ana.

Populares, visitantes crianças, jovens e idosos de Independência tem a oportunidade de cantar junto com a Banda o hino de Senhora Sant’Ana, o hábito de acompanhar a tradicional Salva da Banda de Música Maestro Vicente Fialho, durante os festejos da festa de Senhora Sant’Ana, padroeiro da cidade. Este é um dos principais momentos do acompanhamento da imagem.

Maestro Vicente Fialho

Em Independência havia um comerciante chamado Francisco Rufino, casado com D. Mocinha Lima que ficou viúva e se casou com Maestro Vicente Fialho, que veio de Campo Grande na Serra de Ibiapaba, hoje Guaraciaba do Norte.

Maestro Vicente Fialho além de tocar na Banda de músicos, também era dono de uma padaria em Independência. Juntamente com Vicente Fialho, veio outro músico chamado de Antônio Campos da Silva que também trabalhava de barbeiro e sapateiro.

Prof. Ricardo Assis

domingo, 24 de março de 2024

180 anos de Padre Cícero: patriarca de Juazeiro se perpetua em símbolos

 A fé em torno do santo popular foi marcada pela materialização em grandes esculturas. Fenômeno tem se espalhado em outros estados


Dona Quinô e o comerciante Joaquim certamente não imaginavam que o filho que trariam ao mundo, há exatos 180 anos, transformaria um pequeno vilarejo em uma das mais importantes cidades cearenses, com mais de 286 mil habitantes. O cratense Cícero Romão Batista, o Padre Cícero, foi figura central da religiosidade popular brasileira no final do século XIX e início do século XX, tornando Juazeiro do Norte a “capital da fé” para milhares de romeiros. Mas por trás deste protagonismo, houve historicamente uma construção simbólica de um ícone que se materializou em monumentos e, mais recentemente, se expande em várias partes do Nordeste.

De um sacerdote que administrava um pequeno templo numa vila do Crato à figura histórica reconhecida em todo o país, o episódio do “Milagre de Joaseiro” foi fundamental. Em 1889, a hóstia consagrada pelo “padrinho” na antiga Capela de Nossa Senhora das Dores teria se transformado em sangue na boca da Beata Maria de Araújo. O fenômeno se repetiria outras vezes e pelas mãos de outros sacerdotes, dando início por surgir as primeiras romarias, principal motor do crescimento que elevaria Juazeiro do Norte à principal cidade da região do Cariri. Dali em diante, o nome “Padre Cícero” não deixaria de ocupar empreendimentos comerciais, escolas, ruas e os altares das casas.

Símbolos do sacerdote
Ainda em vida, o Padre Cícero viu sua imagem presente em medalhinhas e em pequenas esculturas de madeira, vendidas abertamente em feiras. Porém, representando um grande “marco cívico” na recém-emancipada Juazeiro do Norte, a primeira grande estátua do sacerdote, feita em bronze, foi erguida no centro da praça Almirante Alexandrino – atual Praça Padre Cícero — em 1925.

A obra foi encomendada pelo médico Floro Bartolomeu, homem de confiança do sacerdote, a Laurindo Ramos, escultor do Rio de Janeiro. A sua ideia era destruir os discursos de cidade atrasada e fanática, querendo transmitir a imagem de cidade de progresso, como lembra a historiadora e pesquisadora Amanda Teixeira. Porém, por ser uma escultura que representa a imagem do Padre Cícero como um “estadista”, o homem político, coberto com uma toga romana, a escultura nunca chegou a ser cultuada.

O efeito é totalmente diferente da estátua feita após sua morte pelo escultor italiano Agostinho Balmes Odísio, em período estimado entre 1934 e 1940, que permanece erguida no largo da Capela do Socorro. Ao desembarcar na cidade, o artista não imaginava que o público-alvo do seu trabalho seriam pessoas muito pobres. “Eram devotos, romeiros, que não tinham direito para comprar seu trabalho”, conta Amanda.

O italiano decidiu, então, além de trabalhar com instituições e igrejas, oferecer pequenas esculturas de gesso, que caíram no gosto da população. “Muitos chegavam na sua oficina e se ajoelhavam diante das estátuas que ele fazia: ‘Como pode um homem que nunca viu o Padre Cícero o fazer tão bem-feito? Só pode ser santidade’”, narra Amanda. Foi de suas mãos que saiu a estátua no Largo do Socorro em tamanho real, colorida, muito semelhante ao sacerdote que cativou os devotos, sendo o principal símbolo do “padrinho”.

A mudança veio em concreto e alcançou 27 metros. A estátua do Padre Cícero na Colina do Horto, inaugurada em 1º de novembro de 1969, até hoje é o principal cartão-postal da cidade. Contudo, para ser erguida foi necessário o clamor popular, já que pouco antes o então prefeito Mauro Sampaio derrubou o “pé de tambor” – o pé de Timbaúba – para construir uma antena de televisão.

A mudança, na época, gerou muita comoção na cidade, pois a árvore trazia muitas simbologias. Para os moradores, lá era o local de refúgio e meditação do seu santo popular. “Quando a estátua foi construída, o gestor tenta passar a ideia de uma intenção turística, mas substitui um importante símbolo local por outro”, acredita a pesquisadora.

Estátuas se espalham pelo Nordeste
Os romeiros que visitam Juazeiro do Norte são, principalmente, dos estados de Pernambuco e Alagoas. É comum nas suas cidades existirem núcleos de forte fé no Padre Cícero, que organizam anualmente às caravanas até o Ceará. Porém, nos últimos meses, esta devoção tem se materializado em grandes esculturas, erguidas em municípios do interior.

A mais recente ocorreu na última quarta-feira (20), em São José de Laje, Alagoas, onde a Prefeitura inaugurou um monumento de 15 metros do “padrinho”, que divide a atenção com outra estátua, a de São José, padroeiro da cidade. A prefeita do município, Angela Vanessa Rocha, explicou que as duas esculturas vão potencializar o turismo religioso local. “Aqui vai celebrar a fé e devoção da nossa gente, não só os romeiros e toda comunidade católica de nossa cidade está sendo presenteada, mas todo o estado de Alagoas”, comentou.

Antes disso, em setembro do ano passado, foi a vez da cidade de Santa Luzia do Norte, na região metropolitana de Maceió, inaugurar uma estátua de Padre Cícero, cuja altura aproximada é de 12 metros, contando com sua base. Curiosamente, a escultura superou a altura de outro monumento do santo popular que havia sido entregue pelo município de Porto Real do Colégio, também em Alagoas, que chega ao tamanho estimado de 10 metros.

Celebração

Em comemoração aos 180 anos de nascimento do Padre Cícero, a Prefeitura de Juazeiro do Norte está realizando a 42ª Semana Padre Cícero, que começou no último dia 20 e se encerra neste domingo (24), data de seu aniversário. A programação conta com atividades educativas nas escolas, mesas redondas, exposição e shows musicais. Uma das atrações será o padre Fábio de Melo, que sobe ao palco na noite de encerramento, assim como o cantor e compositor Luiz Fidélis. Antes disso, na noite deste sábado (23), acontece a seresta no largo da Capela do Socorro, que antecede o tradicional corte de bolo, à meia-noite.

Na programação, ainda foi aberta, na última quarta-feira (20), a exposição “A Vida de Padre Cícero”, do xilogravurista José Lourenço. Os trabalhos podem ser conferidos até o próximo dia 28, na Escola dos Saberes. Nela, há 16 xilogravuras originais, doadas à biblioteca da Fundação Memorial Padre Cícero. “A Semana é um momento importante não só para Juazeiro do Norte, mas para o Nordeste. A expectativa é de muitas pessoas e estamos preparando um aparato de segurança para dar tranquilidade”, antecipou o secretário de Cultura do Município, Vandinho Pereira.

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sábado, 23 de março de 2024

Fazenda Vaca Brava: Memórias de uma fazenda que foi palco do cangaço – Prof. Ricardo Assis

Fazenda Vaca Brava

 

No início do século XIX, o município de Independência haviam muitas fazendas que criavam gados e eram imponentes em sua exuberância. Uma fazenda histórica é a Vaca Brava que fez parte da história do cangaço em Independência.

Localizada numa região plana, muito bonita, de que demostra a riqueza na época. Embora abandonada há anos, a fazenda ainda está quase perfeita. A fazenda grande foi construída conforme a arquitetura da época. Paredes altas, tijolos enormes, telhado alto, cômodos grandes, sótão de madeiras, janelas e portas confeccionadas em madeiras de lei.

Fazenda Vaca Brava foi palco de disputa por uma herança que envolveu dezenas de cangaceiros na zona rural de Independência. Muitas batalhas foram travadas em redor da fazenda.

A fazenda Vaca Brava está abandonada e triste. Um lugar que foi movimentada e rica, permanece apenas na memória da história de Independência. Fazenda Vaca Brava ainda está com suas memorias vivas de uma época de fatura e riquezas do município de Independência.

 


Prof. Ricardo Assis

domingo, 21 de janeiro de 2024

Círculo Operário de Independência - Prof. Ricardo Assis

Circulo Operário de Independência

O Círculo Operário de Independência funcionou na Rua Alexandre Bonfim, no Centro, onde é hoje a sede do CDL. Os Círculos Operários eram as organizações circulistas no Ceará, no período compreendido entre 1915 e 1963. O marco inicial – 1915 – justifica-se pelo fato de ter sido fundado neste ano o primeiro círculo operário cearense, o Círculo de Operários e Trabalhadores Católicos, no município de Fortaleza.

Já o segundo recorte – 1963 – demarca uma inflexão na trajetória dos círculos operários cearenses, processo que culminou com o I Encontro Regional Norte e Nordeste, ocorrido em Fortaleza no segundo semestre de 1963.

O conclave define oficialmente as estratégias do movimento circulista no campo social. Devido à ação do Partido Comunista, investindo na organização sindical, as diretrizes traçadas por ocasião do encontro, reafirmam a premente necessidade de fundar sindicatos orientados pelos circulistas, sejam nos centros urbanos ou nas áreas rurais.

Em Independência, a igreja juntamente com os movimentos operários funcionou durante anos com a sede local, sempre alinhada com a visão sobre a história operária cearense, na medida em que visibiliza a experiência circulista, praticamente ignorada pela História Social do Trabalho neste Estado.

O movimento circulismo foi uma proposta da Igreja Católica num momento em que esta busca ofensivamente incorporar vários segmentos sociais na constituição da neocristandade, caracterizando-o essencialmente como um projeto político e teológico.

Contudo, considero importante o Círculo Operário em Independência por suas ações circulistas ganharam contornos próprios, sempre proporcionando movimentos sociais, como aparelho ideológico do Estado, cabe observar os círculos operários apenas como instrumentos de Ação Católica e os movimentos sociais.

Prof. Ricardo Assis