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domingo, 27 de novembro de 2022

Independência: Estrada de bois vindo do Piauí





 Da bacia do Jaguaribe chegava-se aos campos criadores do Piauí pela estrada nova das boiadas, caminho difícil e alongado, que hoje, graças as indicações deixadas nos textos das sesmarias, pode ser reconstituído em grande parte.


Vinda de Pau dos Ferros pelo Pereiro, transpunha o Jaguaribe pouco acima da villa de Jaguaribe-mirim; ia em seguida pelo riacho do Sangue no rumo Nordeste; passava ladeando os campos de Uriá, cruzava o rio das Pedras, atingindo  Banabuiú em Laranjeiras; depois de beirá-lo algum tempo, serpenteava junto as margens do seu tributário mais importante, o Quixeramobim, até embocar na cidade do mesmo nome, onde se bipartia.

Um ramal seguia pelo Cavallo-Morto (Boa Viagem), Independência e Crateús, caminhava para o Piauí através do boqueirão do Poti. O outro, indo para o noroeste ia até Sobral, prolongando-se até a capital de Pernambuco, por Barriguda, e Tabuleiro Formoso.

Encurtando distância e desviando o trânsito do litoral para o sertão, a Estrada Nova das Boiadas concorreu grandemente para o isolamento em que muito tempo ficou a sede administrativa da Capitania, pequena e insignificante, enquanto outras vilas se desenvolviam. 
Estrada das Boiadas


Sua origem remonta ao início do século XVIII. Já em 1731 a via é citada em texto das sesmarias cearenses como “a estrada que passa para o Piauí”. Sete anos antes era denominada “caminho dos Inhamuns” ; Icó, Iguatu, São Matheus, Saboeiro, Arneiroz e Tauá balizam hoje em enorme trecho desse velho caminho de acesso às terras do médio Parnaíba.


De Tauá, antiga fazenda de José Alves Feitosa, seguia para o centro do Estado do Piauí pelo antigo riacho dos Camaleões (atual Carrapateiras), atingindo Vertentes e Crateús. Simples picada de tropeiros, a via Tauá-Piauí constitui-se m breve um caminho tradicional, que seguindo o riacho de Trici, encostas meridionais da serra da Joaninha, rumava Valença. Conhecida nas crônicas do Rio Grande do Norte e Paraíba, pelo nome de Estrada das Boiadas, aparece nos documentos cearenses do início do século XIX com a simples designação de “Estrada para Pernambuco”.

Em seu traçado primitivo a estrada passava pelos lugares hoje denominados S. João do Rio do Peixe, Sousa, Pombal e Patos, ia depois margeando o rio Pinharás, galgava a encosta oriental da Borborema, encontrando seis léguas adiante a lagoa do Batalhão, seguia as sinuosidades do rio Taperoá até a povoação de Milagres; alcançava a pequena ribeira do Santa Rosa para chegar a Campina Grande.

Dentre os complexos e numerosos fatores que influíram na formação e distribuição de núcleos povoados do interior cearense, as chamadas estradas das boiadas tiveram papel de maior relevância. 

Fonte: Ceará Fotos