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domingo, 5 de outubro de 2025

O mito da manga com leite no Brasil Colonial

Escravo comendo manga com leite no Brasil colonial - imagem criada por IA

 

Entre os muitos causos e crendices que marcaram a vida no Brasil Colonial, poucos se espalharam tanto quanto a ideia de que manga com leite fazia mal à saúde. Até hoje, muita gente já ouviu de pais ou avós a recomendação de não misturar os dois alimentos. Mas de onde surgiu essa crença que atravessou séculos?

Os registros históricos apontam que o mito nasceu ainda nos tempos da escravidão e da formação das grandes fazendas coloniais. O leite era considerado um alimento de grande valor, destinado principalmente aos senhores, colonos e às elites locais. Já a manga, fruto tropical abundante e acessível, era consumida em larga escala pela população pobre e pelos escravizados.

Para evitar que os escravizados consumissem o leite, os senhores criaram a ideia de que misturar leite com manga poderia ser venenoso. Assim, mantinha-se o controle sobre o acesso ao leite, restringindo-o como um privilégio de classe. A proibição funcionava como uma barreira simbólica, sustentada pelo medo e pela ignorância científica da época.

Com o tempo, essa crença foi se tornando parte da cultura popular, passando de geração em geração. Mesmo com o avanço do conhecimento científico e a comprovação de que a mistura não causa nenhum mal — ao contrário, pode até ser nutritiva — a ideia permaneceu viva no imaginário coletivo.

No fundo, a história da manga com leite é um reflexo da desigualdade social e racial do Brasil Colonial, onde até mesmo os hábitos alimentares eram moldados pelo poder e pela hierarquia. O mito não é apenas uma curiosidade folclórica, mas também um símbolo das estratégias de controle e exclusão social utilizadas naquele período.

Hoje, sabemos que manga e leite podem ser combinados sem risco. Sorvetes, vitaminas e sobremesas reúnem os dois ingredientes com sabor e frescor. Ainda assim, o mito resiste, lembrando-nos de como as tradições e narrativas do passado moldam o presente.

O medo de que manga com leite faz mal não tem base científica, mas sim raízes históricas no Brasil Colonial, ligadas à escravidão e ao controle social.

Prof. Ricardo Assis

 

 

domingo, 28 de setembro de 2025

Visita ao suposto Cruzeiro do Frei Vidal da Penha – Prof. Ricardo Assis

Na imagem Sr. Joaquim Augusto Bezerra, Dr. Laureando e Sr. Luizão (Foto: Ricardo Assis)


Tive o prazer de visitar o Cruzeiro localizado na Fazenda do Sr. Monteiro, nas proximidades da AABB. Trata-se de um monumento antigo e carregado de simbolismo, apontado por muitos como sendo o Cruzeiro do Frei Vidal da Penha – embora, até hoje, não exista comprovação documental que ateste essa ligação histórica.

Na ocasião, além de mim (Prof. Ricardo Assis), estiveram presentes o Sr. Joaquim Augusto Bezerra, grande conhecedor da história do município de Independência, o Dr. Laureando e o empresário Sr. Luizão. Foi um encontro marcante, em que a memória, a fé e a história se entrelaçaram diante daquele cruzeiro silencioso, guardião de mistérios do passado.

A foto desse momento registra uma memória afetiva e histórica, ainda que eu não recorde o ano exato da visita – provavelmente entre 1995 e 2000. De todo modo, a lembrança desse encontro ressalta a importância de preservarmos tais marcos culturais.

Independência é um município rico em fatos históricos, e cada registro, cada relato e cada pedra nos ajudam a compreender a trajetória do nosso povo. O Cruzeiro, mesmo envolto em dúvidas quanto à sua origem, segue como um símbolo de fé e identidade, merecendo o olhar atento de todos aqueles que valorizam a memória e a cultura da nossa terra.

 Prof. Ricardo Assis

 


domingo, 14 de setembro de 2025

Artes rupestres de Independência: um tesouro cultural a céu aberto - Prof. Ricardo Assis

Visitando algumas artes rupestres em Independência.

 

Alguns anos atrás, tive a oportunidade de visitar alguns locais em Independência, município que guarda uma riqueza cultural impressionante, as artes rupestres. Espalhadas por diversas localidades, essas pinturas e gravuras em pedra são testemunhos silenciosos de povos antigos que habitaram nossa região, deixando marcas que atravessaram séculos e chegaram até nós. Infelizmente, percebi que muitos desses espaços ainda carecem de maior preservação, valorização e divulgação, tanto por parte do poder público quanto pela própria comunidade.

Em meio às pedras e paisagens sertanejas, encontrei marcas deixadas por povos antigos, verdadeiras obras de arte que resistem ao tempo e nos conectam com a história local. É emocionante perceber que, aqui mesmo, no coração do sertão, temos um patrimônio cultural tão grandioso e pouco explorado.

Esses locais deveriam receber mais atenção e cuidado, pois representam um imenso potencial para o turismo cultural e histórico local. Imagine estudantes e visitantes participando de trilhas educativas, guiadas por professores e pesquisadores, formando uma rede de valorização e proteção desse legado. Além de promover conhecimento, seria uma oportunidade de gerar desenvolvimento sustentável para a região. Independência tem riquezas culturais que merecem ser conhecidas pelo Ceará, Brasil e pelo mundo, e as artes rupestres são um convite para que todos descubram, preservem e se encantem com essa herança que é nossa.

 

Além da beleza natural que envolve essas áreas, as artes rupestres de Independência nos lembram da força e da criatividade dos povos que aqui viveram há milhares de anos. Cada traço gravado na pedra é um convite à imaginação, despertando curiosidade sobre os costumes, crenças e modos de vida daqueles que nos antecederam. É como se cada desenho fosse uma janela aberta para o passado, permitindo que possamos refletir sobre a importância da preservação da memória cultural.

Transformar esse patrimônio em rotas turísticas bem estruturadas seria uma forma de unir história, lazer e desenvolvimento econômico. Independência já é reconhecida por sua hospitalidade e beleza sertaneja, mas poderia brilhar ainda mais ao oferecer roteiros que contemplem visitas guiadas, atividades pedagógicas e experiências imersivas. Assim, turistas, estudantes e moradores teriam a oportunidade de valorizar ainda mais o município, fortalecendo a identidade cultural e projetando Independência como um destino de destaque no turismo histórico e cultural do Ceará.


Prof. Ricardo Assis

 

 

 

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Alunos do 9º ano A e B da E.E.I. Abigail Antunes Marques participam do Projeto Escolar HISTOGRAM – Prof. Ricardo Assis

Alunos da turma do 9º ano A da Escola Abigail Antunes Marques

 

Os alunos do 9º Ano A e B da E.E.I.F. Abigail Antunes Marques estão participando de uma iniciativa inovadora que une passado e presente: o Projeto HISTOGRAM – História + Imagem = Memória Viva.

Idealizado pelo professor de História Ricardo Assis, com a cooperação da profa. Nice Peres, o projeto tem duração de quatro semanas e envolve as disciplinas de História e Geografia em uma proposta multidisciplinar, criativa e conectada ao universo digital dos estudantes.

O objetivo central do HISTOGRAM é estudar e valorizar a história do município de Independência por meio do reconhecimento e registro de seus prédios antigos. Mais do que simples construções, esses espaços guardam memórias, tradições e marcos da identidade cultural da cidade.

Alunos da turma do 9º ano B da Escola Abigail Antunes Marques

Os alunos são convidados a explorar o município, registrar fotograficamente os prédios de valor histórico e, a partir disso, construir narrativas que contemplem não apenas a arquitetura, mas também o contexto social, político e cultural em que esses espaços estão inseridos.

Um dos diferenciais do projeto é o uso do Instagram como ferramenta de divulgação cultural e educativa. Por meio da rede social, os estudantes publicam suas fotos e pesquisas, transformando a plataforma em uma vitrine de memória e preservação patrimonial.

 O HISTOGRAM busca:

ü  Desenvolver o senso de pertencimento e identidade cultural local;

ü  Estimular a pesquisa histórica e o registro fotográfico;

ü  Integrar saberes de História, Geografia e Tecnologias Digitais;

ü  Promover o uso consciente e educativo do Instagram;

ü  Incentivar a criatividade;

ü  Valorizar o patrimônio histórico e arquitetônico de Independência.

Com essa proposta, os alunos tornam-se protagonistas no resgate e preservação da história local, enquanto exercitam o olhar crítico, artístico e cidadão. O projeto, ao mesmo tempo em que revisita o passado, dialoga com as novas tecnologias e linguagens da juventude, tornando a memória da cidade viva, acessível e compartilhada.

 


domingo, 10 de agosto de 2025

Primeira turma de História formada em Independência - Prof. Ricardo Assis

Aula de campo Museu do Escravo Liberto - Redenção em 2006 

 

Formada no município de Independência, a nossa turma de História foi um grupo especial, divertido, unido (cada um tinha seu grupinho) e muito estudioso. Durante cinco anos de jornada acadêmica, vivemos intensamente trabalhos, avaliações e seminários. Cada desafio nos aproximava ainda mais do nosso objetivo, aprender e crescer.

A turma foi formada pela IVA – Instituto Vale do Acaraú, vinculado à Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), instituição que foi fundamental para a nossa formação acadêmica. Foi através dela que tivemos acesso a professores dedicados, conteúdos de qualidade e oportunidades de vivenciar experiências que marcaram nossa trajetória na educação.

Hoje, a maioria de nós atua como professor na rede municipal e estadual, levando para a sala de aula o exemplo de dedicação e compromisso que construímos juntos. Somos prova de que, com foco e esforço, é possível transformar conhecimento em educação de qualidade.

Foram tempos bons, que não voltam mais. Uma época em que as dificuldades eram muitas e a tecnologia ainda não era nossa aliada. Pesquisar significava ir até a biblioteca, folhear livros, buscar nas páginas impressas as respostas que hoje se encontram em segundos na internet.

A foto que ilustra essa lembrança foi registrada no dia 21 de julho de 2006, durante uma visita ao Museu Senzala Negro Liberto, em Redenção. Não recordo exatamente a disciplina ou o nome da professora responsável, mas tenho certeza de que aquela aula de campo nos trouxe não só um grande aprendizado acadêmico, mas também uma lição de vida que carrego até hoje na minha trajetória profissional.

Foi mais que uma turma de História, foi uma história de amizade, superação e amor pelo saber.

Prof. Ricardo Assis

domingo, 20 de julho de 2025

Francês Torres um exemplo de liderança e carisma na história política de Independência - Prof. Ricardo Assis

Ex-prefeito Francês Torres, uma das maiores lideranças politica de 
Independência.



 

Em tempos de transformações políticas e de uma juventude cada vez mais interessada no futuro do município de Independência, relembrar nomes como o de Francisco Rodrigues Torres, mais conhecido carinhosamente como Francês Torres, é resgatar uma trajetória marcada por compromisso, humildade e um forte carinho com o povo.

Francês Torres construiu uma das mais sólidas e respeitadas carreiras políticas do municipio de Independência e região de Crateús, sendo reconhecido não apenas por sua atuação na prefeitura, mas pelo carisma e pela maneira humana com que tratava cada cidadão, do mais simples ao mais importante. Ainda hoje, sua residência recebe visitas de amigos e admiradores que compartilham histórias e aprendizados, perpetuando seu legado.

Sua entrada na vida pública teve o importante apoio de outra grande liderança de Independência: Adonias Carneiro Portela, que se tornou seu padrinho político. Sob a orientação e incentivo de Adonias, Francês Torres começou sua trajetória na Câmara Municipal, onde exerceu quatro mandatos consecutivos como vereador:

  • 1971 a 1972, na gestão do prefeito Francisco Expedito Alves;
  • 1973 a 1976, sob a administração da prefeita Guiomar Machado Portela;
  • 1977 a 1982, durante o governo de Valdemar Vieira Coutinho;
  • 1983 a 1988, ao lado do prefeito Adonias Carneiro Portela.

Sua destacada atuação no Legislativo o credenciou à liderança do Executivo municipal, sendo prefeito de Independência em dois períodos:

  • 1989 a 1993
  • 2001 a 2004

 

Ao longo desses mandatos, Francês Torres consolidou uma política de diálogo, acolhimento e simplicidade. Ele sabia ouvir, conversar e, acima de tudo, estar presente, o que o transformou em uma das maiores lideranças políticas da história de Independência.

Seu nome é frequentemente citado como inspiração entre os jovens que desejam ingressar na política, pois seu exemplo é prova de que é possível governar com empatia, responsabilidade e respeito às necessidades do povo.

Hoje, mais do que um nome na galeria dos ex-prefeitos, Francês Torres representa um capítulo vivo da história de Independência, um exemplo de homem público que soube, com firmeza e gentileza, deixar sua marca no coração do povo e na história do município de Independência.

Ex-prefeito Francês Torres não foi apenas um político. Foi, e continua sendo, uma referência. Que os futuros políticos de hoje e de amanhã saibam reconhecer nesse exemplo a essência da verdadeira política, servir ao povo com respeito.

Prof. Ricardo Assis

 


quarta-feira, 16 de julho de 2025

A Fé que resiste ao tempo, festejos de Senhora Sant’Ana em Independência-CE - Prof. Ricardo Assis


 

A imagem acima eterniza um momento emblemático da religiosidade popular de Independência, Ceará. Trata-se de uma procissão dos Festejos de Senhora Sant’Ana, padroeira do município, em registro datado de 1978, quando Dom Fragoso e Padre Mourão conduziam, com fé e devoção, uma multidão em oração. A cena transborda tradição: padres, fiéis, crianças e anciãos unidos em um só espírito — o da fé.

Todos os anos, no dia 16 de julho, a cidade se veste de esperança e religiosidade com o início da festa de Senhora Sant’Ana. As ruas são enfeitadas com bandelolas coloridas, o som dos sinos ecoa da matriz, e o cheiro da comida típica mistura-se com o perfume das flores ofertadas à santa. É um tempo de reencontro entre os filhos da terra, de promessas renovadas e de fé fortalecida pela tradição centenária.

A origem dessa devoção remonta à criação da freguesia local, conforme o Decreto Provincial nº 356, de 15 de setembro de 1853, quando a então povoação passou a se chamar freguesia de Pelo Sinal, desmembrando-se de Príncipe Imperial (atual Crateús). O primeiro pároco foi o Padre Antonio Ricardo Cavalcante de Albuquerque, sucedido após sua morte pelo Padre José de Araújo Galvão, que também deixou seu legado na organização religiosa da comunidade.

Essa história de fé está impregnada em cada detalhe das festividades: desde as novenas, os leilões e os gestos simples de devoção até a grandiosa procissão que, ano após ano, emociona moradores e visitantes. A religiosidade do povo de Independência é marcada por uma espiritualidade autêntica, que resiste ao tempo e mantém viva a chama da esperança.

A imagem de 1978, agora digitalizada e preservada, é mais do que uma fotografia, é um testemunho histórico de um povo que nunca deixou de acreditar. Em cada rosto, um traço de devoção. Em cada passo, a continuidade de uma fé que transcende gerações.

Viva Senhora Sant’Ana!

Prof. Ricardo Assis

 

domingo, 29 de junho de 2025

O encontro entre Frei Vidal da Penha e Cap. José Ferreira de Melo - Prof. Ricardo Assis

Imagem criada por IA

 

Às margens do século XIX, nas estepes sertanejas do Ceará, o frade capuchinho italiano conhecido como Frei Vidal da Penha (cujo verdadeiro nome era Vitale de Frascarolo, ou Frescarello) itinerava pela região nordestina pregando suas fervorosas missões. Oriundo do Convento de Nossa Senhora da Penha, no Recife, Frei Vidal tornou-se célebre por seus sermões inflados de fé e profecias, atraindo multidões por onde passava.

Em uma manhã radiosa, ele teria chegado à Fazenda Pelo Sinal, propriedade do fazendeiro José Ferreira de Melo, fundador do município de Independência. Segundo a tradição oral, Frei Vidal foi recebido na Fazenda Pelo Sinal e, ao fim de sua prédica, recomendou enfaticamente que se construísse uma capela para as orações da população.

O senhor José Ferreira de Melo atendeu ao pedido e as obras teriam sido iniciadas, sendo finalizadas por volta de 1810. Em torno da capela de Nossa Senhora Santana formou-se um pequeno arraial, o qual mais tarde recebeu o nome de “Pelo Sinal” — que só se tornaria distrito em 1836 e depois município chamado Independência. Diz-se que a promessa feita naquele encontro foi cumprida, e que a fé local ali se enraizou.

Um aviso sobre fontes históricas

É importante destacar que não há registros documentais ou primários (escrituras, documentos, atas de fazenda, correspondências da época) que comprovem o encontro entre Frei Vidal da Penha e o Cap. José Ferreira de Melo na fazenda Pelo Sinal. Todo o caso é sustentado por tradição oral, relatos secundários e memórias coletivas.

O suposto encontro entre Frei Vidal da Penha e José Ferreira de Melo, resultando na construção da capela de Nossa Senhora Santana e no surgimento de “Pelo Sinal”, compõe uma narrativa rica e simbólica da identidade local. No entanto, falta documentação histórica contemporânea que o confirme — portanto, permanece no campo da memória coletiva e da tradição popular, valiosa culturalmente, mas não comprovada definitivamente.

Prof. Ricardo Assis

 

domingo, 15 de junho de 2025

Os primeiros moradores de Independência, um retrato do início do século XIX - Prof. Ricardo Assis

Independência no início do século XIX - Desenho feito por Gabriel

Representação artística da Vila Pelo Sinal no século XIX, a cena mostra uma vila pacata com ruas de terra batida, casas simples de alvenaria e taipa, e uma capela católica ao centro, símbolo da fé e do poder colonial. Ao redor da capela, moradores circulam a pé ou em carroça puxada por cavalos, ruas ainda com grandes árvores compondo uma paisagem natural. A imagem em tom sépia transmite a atmofera do fim do século XIX para o incio do século XX, uma vila marcada por simplicidade, religiosidade e o ínicio de uma cidade.

Já no início do século XIX, começam a surgir os primeiros registros da presença de moradores em Independência, município localizado no sertão cearense. Esses pioneiros, vindos de diferentes regiões, formaram os alicerces sociais, econômicos e culturais da cidade que hoje conhecemos.

Entre os primeiros habitantes registrados estavam José Rangel de Araújo, natural de Boa Viagem, e Alexandre Ferreira Bonfim, nascido em Crateús. Também natural de Crateús, o Major Horácio Bezerra de Melo Falcão se destacou entre os moradores da época. Outro nome importante foi o de Raimundo Cassiano de Sousa, cuja origem permanece desconhecida, mas que, ainda assim, figura entre os pioneiros da localidade.

A história de Independência também é marcada pela contribuição de comerciantes e artistas. Um dos mais lembrados é Francisco Rufino, que se estabeleceu na região com sua esposa, Dona Mocinha Lins. Após o falecimento de Francisco, Dona Mocinha se casou com Mestre Vicente Fialho, um talentoso músico e padeiro que havia imigrado de Campo Grande da Serra de Ibiapaba, hoje conhecido como Guaraciaba do Norte. Além de reger a música local, Mestre Vicente também mantinha uma padaria que se tornaria ponto de encontro da comunidade.

Junto com ele veio outro músico, Antônio Campo da Silva, que para garantir o sustento, exercia os ofícios de barbeiro e sapateiro — profissões que mostram a versatilidade e resiliência dos moradores da época.

Outros nomes se destacaram no comércio local, como José Leite, Valdeniro Pimentel, Bento Coutinho de Macedo e seu irmão João de Deus Coutinho, além de José Pires de Sabóia, que acumulava as funções de comerciante e fazendeiro. E para contribuir com a educação dos jovens da comunidade, havia também o velho Professor Clarindo, respeitado mestre de escola.

Esses nomes e histórias compõem os primeiros capítulos da construção social de Independência. Seus esforços e trajetórias pavimentaram o caminho para as gerações futuras, deixando um legado que merece ser lembrado e valorizado.

Prof. Ricardo Assis

 



 

domingo, 25 de maio de 2025

Nosmano: O Homem que moldou gerações com ferro, trabalho e dedicação - Prof. Ricardo Assis

Nosmano fundou uma das primeiras fábrica em Independência.


 

Em uma época marcada por poucas oportunidades para a juventude, um nome se destacou por transformar vidas e impulsionar o progresso do município de Independência: Nosmano Ferreira Melo. Fundador de uma das primeiras fábricas de cadeiras de Independência, criada em 1979, ele não apenas ergueu estruturas de ferro, mas construiu também os alicerces de muitos sonhos.

A Fábrica de Cadeiras Nosmano teve seu auge entre as décadas de 1980 e 2000. Nesse período, tornou-se referência não apenas pela qualidade dos seus produtos, mas pelo impacto social que causou ao oferecer o primeiro emprego a dezenas de jovens do município. Muitos deles aprenderam ali a arte da soldagem de ferro e, com isso, encontraram uma profissão que carregam até os dias atuais.

"Foi ali que aprendi a trabalhar com responsabilidade, a mexer com ferro, a ter compromisso", relembra um ex-funcionário, hoje tem seu próprio negócio de soldagem. Histórias como essa são comuns entre os que passaram pelos galpão da fábrica, onde o barulho do maçarico se misturava aos sons da juventude aprendendo a se tornar adulta.

Nosmano foi vereador por dois mandados


Mas Nosmano não parou por aí. Com seu espírito de liderança e desejo de fazer mais pela população, ele também ingressou na política, sendo eleito vereador por dois mandatos. No Legislativo, destacou-se pela atuação exemplar e por apresentar projetos voltados para a comunidade, especialmente nas áreas de qualificação profissional e apoio à juventude.

Querido por todos, Nosmano é lembrado como um cidadão de bem, cuja trajetória é marcada pelo compromisso com o desenvolvimento social e econômico de Independência. Sua fábrica foi mais do que uma empresa: foi uma escola de vida, um trampolim para o futuro de muitos jovens.

Até hoje, ao caminhar pelas ruas da cidade, é comum ouvir agradecimentos sinceros de quem teve, em Nosmano, uma oportunidade que mudou sua história. Um legado de ferro, suor e humanidade que ainda ecoa nas memórias e corações dos filhos de Independência.



sexta-feira, 16 de maio de 2025

E.E.M Profª Maria Júlia Fialho: 80 Anos de Educação Humanizada e Comprometida com a Comunidade de Independência – Prof. Ricardo Assis

A Escola de Ensino Médio Professora Maria Júlia Fialho comemora 80 anos de história dedicada à construção de uma educação pública de qualidade, humanizada e transformadora.

 

A Escola de Ensino Médio Professora Maria Júlia Fialho comemora 80 anos de história dedicada à construção de uma educação pública de qualidade, humanizada e transformadora. Ao longo de décadas, a instituição se consolidou como referência no município de Independência, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento educacional e social da comunidade.

Atualmente, a escola atende cerca de 500 alunos distribuídos entre o Ensino Médio Regular e a Educação de Jovens e Adultos (EJA). As atividades acontecem em dois turnos, com uma proposta pedagógica baseada na filosofia histórico-crítica, alinhada às diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e a uma prática educativa que valoriza o aluno como sujeito histórico e transformador.

Com um corpo docente engajado e um núcleo gestor comprometido com a missão educacional, a E.E.M Profª Maria Júlia Fialho vai além do ensino tradicional, oferecendo uma formação ampla e significativa. Entre as atividades complementares que enriquecem o currículo, destacam-se as oficinas de Arte, Dança, Teatro, Música e Inglês, além do projeto voltado para o desenvolvimento esportivo por meio do futsal.

A educação oferecida pela escola é marcada por um olhar atento às necessidades da comunidade, promovendo inclusão, valorização da cultura local e o desenvolvimento de competências para a vida em sociedade.

“Trabalhamos para formar cidadãos críticos, éticos e preparados para os desafios do mundo contemporâneo. Nosso compromisso é com uma educação transformadora, que respeita a história de cada estudante”, essa é a filosofia de trabalho da atual Diretora Ana Maria Barros.

Ao longo de seus 80 anos, a E.E.M Profª Maria Júlia Fialho tem sido palco de histórias de superação, conquistas acadêmicas e formação de gerações que hoje atuam nas mais diversas áreas do município e fora dele. Essa trajetória de excelência é resultado da união entre escola, família e comunidade, em torno de um ideal comum: uma educação pública de qualidade, acessível e humanizada.

A celebração dessas oito décadas reafirma o papel da escola como um dos pilares do desenvolvimento de Independência. Mais do que números e estatísticas, a E.E.M Profª Maria Júlia Fialho representa um projeto coletivo de esperança e transformação social.

 

terça-feira, 25 de março de 2025

A Escravidão em Independência, Ceará: Um Passado de Dor e Resistência - Prof. Ricardo Assis

Foto retira da internet

 

O município de Independência, situado no sertão cearense, carrega em sua história as marcas do período da escravidão, uma realidade que moldou a formação econômica e social da região. Durante séculos, muitas fazendas na zona rural do município dependeram da mão de obra de africanos escravizados, que eram forçados a trabalhar em atividades como a agricultura, a pecuária e o serviço doméstico. 

O próprio fundador de Independência, o Capitão José Ferreira de Melo, era proprietário de escravizados, refletindo a estrutura social e econômica da época, onde a posse de cativos era símbolo de status e poder. Além dele, outros senhores fazendeiros locais exploravam a mão de obra forçada, utilizando o trabalho dos escravizados para expandir suas propriedades e acumular riquezas. 

A vida dos escravizados em Independência era marcada por sofrimento e resistência. Submetidos a castigos físicos, jornadas exaustivas e condições desumanas, muitos encontraram formas de lutar contra a opressão. Alguns fugiam e formavam comunidades quilombolas em regiões mais afastadas, enquanto outros resistiam preservando sua cultura, tradições e fé. 

Mesmo após a Abolição da Escravatura, em 1888, a população negra de Independência enfrentou dificuldades para conquistar sua liberdade plena. Sem acesso a terras e oportunidades dignas de trabalho, muitos continuaram em condições precárias, perpetuando desigualdades que ainda podem ser percebidas na sociedade atual. 

Resgatar essa história é fundamental para compreender as raízes de Independência e valorizar a memória daqueles que foram injustamente explorados. A lembrança desse período deve servir como reflexão sobre a importância da igualdade e da luta por justiça social, garantindo que as gerações futuras conheçam e reconheçam o legado dos povos escravizados na construção do município.

Prof. Ricardo Assis

sábado, 8 de fevereiro de 2025

Liga Desportiva de Independência criada em 2001 na gestão do Prefeito Francês Torres – Prof. Ricardo Assis


 

Independência era conhecida em toda região de Crateús como uma das melhores seleções, muito atletas eram convidados a participar de seleção de outros municípios. Independência já viveu bons momentos.

Estádio Carneirão já teve campeonatos que lotavam de torcedores torcendo pelos seus clubes.  Bom futebol de Independência já viveu bons momentos. Hoje, as recordações dos idos dos anos 80 e 90. Faz-se viva apenas na memória dos torcedores mais velhos, que puderam acompanhar a trajetória das equipes tais como: Verona, União, CSI, Setenta, Cohab e outras mais.


Na gestão do Prefeito Francês Torres que foi criado a Liga Desportiva Independenciana em 2001. O Diretor de Esportes era o Neto Torres e o presidente da Liga Desportiva era o Prof. Ricardo Assis.

Verona Futebol Clube, Várzea Alegre Futebol Clube, Cohab Futebol Clube e Setenta Futebol Clube foram os primeiros times a ter sua filiação na liga. Todos tinham seus estatutos e CNPJ.

Foi uma época de grandes campeonatos municipais, tinha até a segunda divisão do futebol de independência. Outro evento que lotou o estádio Carneirão foi a Copa Sabino Assis.

A Liga Desportiva Independenciana era filiada a Federação Cearense de Futebol, tinha CNPJ e contador só para administrar a Liga de futebol de Independência.

Prof. Ricardo Assis




segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Dia de Reis: Reverência ao Mestre Zé Augusto, um legado na cultura de Independência


 

Comemorado nesta segunda-feira, 6 de janeiro, o Dia de Reis é uma tradição centenária na cultura popular brasileira. É uma celebração comemorada na nossa cultura brasileira, em homenagem aos três reis magos: Baltazar, Belchior e Gaspar.

Em várias comunidades no Brasil se comemoram o Reisado, é uma tradição. Em Independência, temos uma referência que é reconhecida em todo o Brasil, a manifestação cultura do Reisado tem como ícone o Mestre Augusto.

Mestre Zé Augusto é referência de cultura é e responsável pela continuidade e permanência do Reisado na nossa região. É um dos brincantes que tem reconhecimento em toda região.

Mestre Zé Augusto influencia os jovens como participar e apresentar o Reisado e seu gesto, seu legado ainda está vivo, presente e forte na nossa cultura. Sempre participando de eventos e atraindo multidões para sua apresentação única do Reisado.