Seguidores

domingo, 29 de junho de 2025

O encontro entre Frei Vidal da Penha e Cap. José Ferreira de Melo - Prof. Ricardo Assis

Imagem criada por IA

 

Às margens do século XIX, nas estepes sertanejas do Ceará, o frade capuchinho italiano conhecido como Frei Vidal da Penha (cujo verdadeiro nome era Vitale de Frascarolo, ou Frescarello) itinerava pela região nordestina pregando suas fervorosas missões. Oriundo do Convento de Nossa Senhora da Penha, no Recife, Frei Vidal tornou-se célebre por seus sermões inflados de fé e profecias, atraindo multidões por onde passava.

Em uma manhã radiosa, ele teria chegado à Fazenda Pelo Sinal, propriedade do fazendeiro José Ferreira de Melo, fundador do município de Independência. Segundo a tradição oral, Frei Vidal foi recebido na Fazenda Pelo Sinal e, ao fim de sua prédica, recomendou enfaticamente que se construísse uma capela para as orações da população.

O senhor José Ferreira de Melo atendeu ao pedido e as obras teriam sido iniciadas, sendo finalizadas por volta de 1810. Em torno da capela de Nossa Senhora Santana formou-se um pequeno arraial, o qual mais tarde recebeu o nome de “Pelo Sinal” — que só se tornaria distrito em 1836 e depois município chamado Independência. Diz-se que a promessa feita naquele encontro foi cumprida, e que a fé local ali se enraizou.

Um aviso sobre fontes históricas

É importante destacar que não há registros documentais ou primários (escrituras, documentos, atas de fazenda, correspondências da época) que comprovem o encontro entre Frei Vidal da Penha e o Cap. José Ferreira de Melo na fazenda Pelo Sinal. Todo o caso é sustentado por tradição oral, relatos secundários e memórias coletivas.

O suposto encontro entre Frei Vidal da Penha e José Ferreira de Melo, resultando na construção da capela de Nossa Senhora Santana e no surgimento de “Pelo Sinal”, compõe uma narrativa rica e simbólica da identidade local. No entanto, falta documentação histórica contemporânea que o confirme — portanto, permanece no campo da memória coletiva e da tradição popular, valiosa culturalmente, mas não comprovada definitivamente.

Prof. Ricardo Assis

 

domingo, 15 de junho de 2025

Os primeiros moradores de Independência, um retrato do início do século XIX - Prof. Ricardo Assis

Independência no início do século XIX - Desenho feito por Gabriel

Representação artística da Vila Pelo Sinal no século XIX, a cena mostra uma vila pacata com ruas de terra batida, casas simples de alvenaria e taipa, e uma capela católica ao centro, símbolo da fé e do poder colonial. Ao redor da capela, moradores circulam a pé ou em carroça puxada por cavalos, ruas ainda com grandes árvores compondo uma paisagem natural. A imagem em tom sépia transmite a atmofera do fim do século XIX para o incio do século XX, uma vila marcada por simplicidade, religiosidade e o ínicio de uma cidade.

Já no início do século XIX, começam a surgir os primeiros registros da presença de moradores em Independência, município localizado no sertão cearense. Esses pioneiros, vindos de diferentes regiões, formaram os alicerces sociais, econômicos e culturais da cidade que hoje conhecemos.

Entre os primeiros habitantes registrados estavam José Rangel de Araújo, natural de Boa Viagem, e Alexandre Ferreira Bonfim, nascido em Crateús. Também natural de Crateús, o Major Horácio Bezerra de Melo Falcão se destacou entre os moradores da época. Outro nome importante foi o de Raimundo Cassiano de Sousa, cuja origem permanece desconhecida, mas que, ainda assim, figura entre os pioneiros da localidade.

A história de Independência também é marcada pela contribuição de comerciantes e artistas. Um dos mais lembrados é Francisco Rufino, que se estabeleceu na região com sua esposa, Dona Mocinha Lins. Após o falecimento de Francisco, Dona Mocinha se casou com Mestre Vicente Fialho, um talentoso músico e padeiro que havia imigrado de Campo Grande da Serra de Ibiapaba, hoje conhecido como Guaraciaba do Norte. Além de reger a música local, Mestre Vicente também mantinha uma padaria que se tornaria ponto de encontro da comunidade.

Junto com ele veio outro músico, Antônio Campo da Silva, que para garantir o sustento, exercia os ofícios de barbeiro e sapateiro — profissões que mostram a versatilidade e resiliência dos moradores da época.

Outros nomes se destacaram no comércio local, como José Leite, Valdeniro Pimentel, Bento Coutinho de Macedo e seu irmão João de Deus Coutinho, além de José Pires de Sabóia, que acumulava as funções de comerciante e fazendeiro. E para contribuir com a educação dos jovens da comunidade, havia também o velho Professor Clarindo, respeitado mestre de escola.

Esses nomes e histórias compõem os primeiros capítulos da construção social de Independência. Seus esforços e trajetórias pavimentaram o caminho para as gerações futuras, deixando um legado que merece ser lembrado e valorizado.

Prof. Ricardo Assis