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Às margens do século XIX, nas estepes sertanejas do
Ceará, o frade capuchinho italiano conhecido como Frei Vidal da Penha (cujo
verdadeiro nome era Vitale de Frascarolo, ou Frescarello) itinerava pela região
nordestina pregando suas fervorosas missões. Oriundo do Convento de Nossa
Senhora da Penha, no Recife, Frei Vidal tornou-se célebre por seus sermões
inflados de fé e profecias, atraindo multidões por onde passava.
Em uma manhã radiosa, ele teria chegado à Fazenda
Pelo Sinal, propriedade do fazendeiro José Ferreira de Melo, fundador do
município de Independência. Segundo a tradição oral, Frei Vidal foi recebido na
Fazenda Pelo Sinal e, ao fim de sua prédica, recomendou enfaticamente que se
construísse uma capela para as orações da população.
O senhor José Ferreira de Melo atendeu ao pedido e
as obras teriam sido iniciadas, sendo finalizadas por volta de 1810. Em torno
da capela de Nossa Senhora Santana formou-se um pequeno arraial, o qual mais
tarde recebeu o nome de “Pelo Sinal” — que só se tornaria distrito em 1836 e
depois município chamado Independência. Diz-se que a promessa feita naquele
encontro foi cumprida, e que a fé local ali se enraizou.
Um aviso
sobre fontes históricas
É importante destacar que não há registros
documentais ou primários (escrituras, documentos, atas de fazenda,
correspondências da época) que comprovem o encontro entre Frei Vidal da Penha e
o Cap. José Ferreira de Melo na fazenda Pelo Sinal. Todo o caso é sustentado
por tradição oral, relatos secundários e memórias coletivas.
O suposto encontro entre Frei Vidal da Penha e José
Ferreira de Melo, resultando na construção da capela de Nossa Senhora Santana e
no surgimento de “Pelo Sinal”, compõe uma narrativa rica e simbólica da
identidade local. No entanto, falta documentação histórica contemporânea que o
confirme — portanto, permanece no campo da memória coletiva e da tradição
popular, valiosa culturalmente, mas não comprovada definitivamente.
Prof. Ricardo Assis