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sábado, 29 de novembro de 2025

Dois livros sobre o município de Independência foram entregues às bibliotecas e instituições do município – Prof. Ricardo Assis

Homem de Visão - autoria Prof. Ricardo Assis - 130 anos de 
permuta Piauí x Ceará - autoria Joaquim Augusto e Prof. Ricardo Assis

 

Nesta semana, as bibliotecas do município de Independência receberam oficialmente dois livros de autoria do Prof. Ricardo Assis, que passam a integrar o acervo de bibliotecas escolares, instituições culturais e espaços de leitura. As obras entregues foram “O Homem de Visão” (2013), biografia do ex-prefeito Joaquim Augusto Bezerra, e 130 anos da Permuta entre Piauí x Ceará” (2010), escrita em parceria com o próprio Joaquim Augusto Bezerra. Ambos os títulos representam importantes registros da memória histórica e política do município.

 

Ao todo, cada instituição recebeu dois exemplares, garantindo que estudantes, pesquisadores e a comunidade em geral tenham acesso facilitado ao conteúdo. Foram contempladas: Escola Abigail Antunes Marques, Escola Maria do Carmo, Escola José Ferreira, Escola Prof. Maria Júlia Fialho, Escola Dep. Jerônimo Alves de Araújo, Fundação Senhor Pires, ONG História Viva (Biblioteca Estação Leitura) e a Biblioteca Municipal.

 

As duas publicações são fundamentais para compreender aspectos marcantes da identidade de Independência. Enquanto O Homem de Visão resgata a trajetória de uma liderança política que marcou a história local, 130 anos da Permuta entre Piauí x Ceará revisita um dos episódios mais relevantes para a conformação territorial e cultural da região. A iniciativa reforça o compromisso com a preservação da história e o incentivo à leitura entre jovens e adultos do município.

 Prof. Ricardo Assis

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Memória escravos de Independência - vozes que os documentos não permitem silenciar - Prof. Ricardo Assis

Fonte: Ramssés de Souza Silva


Fragmento de documento de batizado de um filho de casal de escravos em Independência:

 "Aos trinta e um dias do mês de Agosto do ano de mil e setecentos e cinco, no acampamento (ou povoado) daquela Paróquia da Serra do Salitre (localidade), batizei solenemente com os Santos Óleos o Reverendo Padre Pascoal Coni ... (Linha muito confusa, menciona talvez a criança e os pais: filho de Damião e sua mulher Lourença...) ... e de sua Mulher Lourença, pelos Curadores de Izabel desta Freguesia (Paróquia), foram Padrinhos Manoel Peres Pinho e Dona Luzia Alves, e todos moradores nesta Paróquia. Deste ato fiz um registo que mandei extrair e assinei. O Vigário Victoriano Jacome d'Almeida."


A partir do documento histórico presente na imagem, abre-se uma janela profunda para a memória ancestral do município de Independência. As linhas antigas, escritas com tinta já desbotada, carregam mais do que simples registros religiosos ou administrativos, revelam vidas, trajetórias e presenças que, durante muito tempo, foram silenciadas pela narrativa oficial.

Esse fragmento é mais do que uma prova — é um marco que reafirma a presença de escravos no município de Independência, contrariando qualquer tentativa de negar a existência de escravizados no município. A própria escrita, mencionando nomes, relações familiares e condições de vida, indica que a população negra esteve inserida na formação social, econômica e cultural da região.

Locais como São José, Santa Luzia, Santa Cruz e tantas outras comunidades rurais de Independência, quando observados com atenção, revelam traços muito fortes de antigas comunidades quilombolas. A organização social, a permanência de sobrenomes, tradições culturais e a própria dinâmica de povoamento sugerem uma ancestralidade resistente, construída por pessoas que fugiram, enfrentaram e sobreviveram à escravidão. Embora sejam necessários estudos arqueológicos, historiográficos e antropológicos mais profundos, o pouco de documentação já acessível é suficiente para iluminar esse passado e reforçar a verdade que sempre esteve ali, Independência foi, sim, um território marcado pela presença negra e pela luta pela liberdade.

Reconhecer isso não é apenas um ato acadêmico — é um compromisso ético e político. A consciência negra nasce também desse entendimento, de valorizar, honrar e proteger a memória daqueles que foram fundamentais na construção da nossa identidade. Não há mais espaço para negacionismo, tampouco para narrativas que tentam apagar ou suavizar a violência da escravidão. Documentos como o da imagem são testemunhas incontestáveis de uma história que precisa ser contada com verdade, respeito e profundidade.

Que este registro inspire mais pesquisas, mais preservação e, sobretudo, mais consciência sobre a importância da presença de escravos na formação do município de Independência.

Prof. Ricardo Assis