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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Independência - 168 anos de história ignorados — um erro que precisa ser corrigido - Prof. Ricardo Assis



O município de Independência não tem 92 anos de emancipação. Essa narrativa, repetido ano após ano, não apenas distorce os fatos como também apaga parte significativa da trajetória histórica de uma terra marcada por lutas, tradições e raízes profundas. Na verdade, Independência possui 168 anos de fundação, e insistir em comemorar apenas 92 é reduzir mais da metade de sua história a um silêncio injustificável.

É fundamental destacar que a verdadeira data de fundação de Independência é 25 de julho de 1857, pelo Decreto Lei nº 436, quando oficialmente se estabeleceu o município. Ignorar essa data — e substituí-la indevidamente por 4 de dezembro — é um equívoco que compromete a seriedade com que tratamos nossa própria memória. Ao deslocar a origem de Independência para quase um século depois, cria-se uma versão simplificada e empobrecida de um passado que deveria ser celebrado em sua totalidade.

Celebrar o dia 4 de dezembro como marco de emancipação é um erro histórico que se perpetua, muitas vezes por desconhecimento, outras por falta de atenção aos registros oficiais e à memória coletiva. O problema vai além da data, é a mensagem que ela transmite. Ao reconhecer apenas 92 anos, abandona-se um passado que moldou o povo, a cultura e a identidade local. São décadas — para não dizer séculos — desperdiçadas em comemorações desatentas à verdadeira origem do município.

A história é um patrimônio tão valioso quanto qualquer monumento físico, e ignorá-la significa romper o elo entre o passado e o presente. Quando um município escolhe celebrar uma data errada, ele não só se engana, mas também compromete o aprendizado das novas gerações, que deixam de conhecer a verdadeira cronologia de seu lugar de pertencimento.

É preciso coragem e responsabilidade para retomar a narrativa correta. Reavaliar documentos, ajustar o calendário comemorativo e educar a população sobre a verdadeira história de Independência não é apenas um gesto de reparação, mas uma demonstração de respeito às gerações que construíram esse município muito antes de 1933.

Reconhecer que Independência tem 168 anos, e não 92, é devolver ao povo sua própria história — uma história que merece ser lembrada, celebrada e preservada com fidelidade.

 Prof. Ricardo Assis


 

sábado, 29 de novembro de 2025

Dois livros sobre o município de Independência foram entregues às bibliotecas e instituições do município – Prof. Ricardo Assis

Homem de Visão - autoria Prof. Ricardo Assis - 130 anos de 
permuta Piauí x Ceará - autoria Joaquim Augusto e Prof. Ricardo Assis

 

Nesta semana, as bibliotecas do município de Independência receberam oficialmente dois livros de autoria do Prof. Ricardo Assis, que passam a integrar o acervo de bibliotecas escolares, instituições culturais e espaços de leitura. As obras entregues foram “O Homem de Visão” (2013), biografia do ex-prefeito Joaquim Augusto Bezerra, e 130 anos da Permuta entre Piauí x Ceará” (2010), escrita em parceria com o próprio Joaquim Augusto Bezerra. Ambos os títulos representam importantes registros da memória histórica e política do município.

 

Ao todo, cada instituição recebeu dois exemplares, garantindo que estudantes, pesquisadores e a comunidade em geral tenham acesso facilitado ao conteúdo. Foram contempladas: Escola Abigail Antunes Marques, Escola Maria do Carmo, Escola José Ferreira, Escola Prof. Maria Júlia Fialho, Escola Dep. Jerônimo Alves de Araújo, Fundação Senhor Pires, ONG História Viva (Biblioteca Estação Leitura) e a Biblioteca Municipal.

 

As duas publicações são fundamentais para compreender aspectos marcantes da identidade de Independência. Enquanto O Homem de Visão resgata a trajetória de uma liderança política que marcou a história local, 130 anos da Permuta entre Piauí x Ceará revisita um dos episódios mais relevantes para a conformação territorial e cultural da região. A iniciativa reforça o compromisso com a preservação da história e o incentivo à leitura entre jovens e adultos do município.

 Prof. Ricardo Assis

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Memória escravos de Independência - vozes que os documentos não permitem silenciar - Prof. Ricardo Assis

Fonte: Ramssés de Souza Silva


Fragmento de documento de batizado de um filho de casal de escravos em Independência:

 "Aos trinta e um dias do mês de Agosto do ano de mil e setecentos e cinco, no acampamento (ou povoado) daquela Paróquia da Serra do Salitre (localidade), batizei solenemente com os Santos Óleos o Reverendo Padre Pascoal Coni ... (Linha muito confusa, menciona talvez a criança e os pais: filho de Damião e sua mulher Lourença...) ... e de sua Mulher Lourença, pelos Curadores de Izabel desta Freguesia (Paróquia), foram Padrinhos Manoel Peres Pinho e Dona Luzia Alves, e todos moradores nesta Paróquia. Deste ato fiz um registo que mandei extrair e assinei. O Vigário Victoriano Jacome d'Almeida."


A partir do documento histórico presente na imagem, abre-se uma janela profunda para a memória ancestral do município de Independência. As linhas antigas, escritas com tinta já desbotada, carregam mais do que simples registros religiosos ou administrativos, revelam vidas, trajetórias e presenças que, durante muito tempo, foram silenciadas pela narrativa oficial.

Esse fragmento é mais do que uma prova — é um marco que reafirma a presença de escravos no município de Independência, contrariando qualquer tentativa de negar a existência de escravizados no município. A própria escrita, mencionando nomes, relações familiares e condições de vida, indica que a população negra esteve inserida na formação social, econômica e cultural da região.

Locais como São José, Santa Luzia, Santa Cruz e tantas outras comunidades rurais de Independência, quando observados com atenção, revelam traços muito fortes de antigas comunidades quilombolas. A organização social, a permanência de sobrenomes, tradições culturais e a própria dinâmica de povoamento sugerem uma ancestralidade resistente, construída por pessoas que fugiram, enfrentaram e sobreviveram à escravidão. Embora sejam necessários estudos arqueológicos, historiográficos e antropológicos mais profundos, o pouco de documentação já acessível é suficiente para iluminar esse passado e reforçar a verdade que sempre esteve ali, Independência foi, sim, um território marcado pela presença negra e pela luta pela liberdade.

Reconhecer isso não é apenas um ato acadêmico — é um compromisso ético e político. A consciência negra nasce também desse entendimento, de valorizar, honrar e proteger a memória daqueles que foram fundamentais na construção da nossa identidade. Não há mais espaço para negacionismo, tampouco para narrativas que tentam apagar ou suavizar a violência da escravidão. Documentos como o da imagem são testemunhas incontestáveis de uma história que precisa ser contada com verdade, respeito e profundidade.

Que este registro inspire mais pesquisas, mais preservação e, sobretudo, mais consciência sobre a importância da presença de escravos na formação do município de Independência.

Prof. Ricardo Assis

 


sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Saci está solto em Independência - Prof. Ricardo Assis



O Dia do Saci e o esquecimento das nossas raízes



 

Em 2010, o município de Independência deu um passo simbólico e corajoso ao instituir o Dia do Saci em 31 de outubro. Mais do que uma simples data comemorativa, essa lei é um convite à resistência cultural — uma tentativa de equilibrar o brilho importado do Halloween com a riqueza das nossas próprias lendas. Porém, passados mais de dez anos, é triste perceber que muitas escolas, públicas e privadas, ainda ignoram o verdadeiro sentido dessa data.

O Saci, travesso, sábio e profundamente brasileiro, deveria saltar pelos corredores escolares, pelas bibliotecas e pelas praças, espalhando curiosidade e orgulho pelo folclore nacional. Mas, em vez disso, o que se vê é a repetição acrítica de fantasias estrangeiras, enquanto o nosso imaginário popular se apaga pouco a pouco. O Dia do Saci não é contra o Halloween — é a favor de nós mesmos. É um chamado para lembrar que nossa cultura é viva, criativa e cheia de personagens que contam quem somos.

Lei Municipal nº 285, de 20 de abril de 2010, sancionada em Independência (CE)

Cabe às escolas, aos educadores e à sociedade reacender essa chama. Celebrar o Saci é reafirmar nossa identidade, valorizar o Brasil que existe nas histórias de fogueira, nos causos de avó e nas travessuras da imaginação. Ignorar essa lei é, de certa forma, permitir que o pó da indiferença cubra o brilho das nossas próprias raízes.

O Saci está solto em Independência — e que continue assim, lembrando a todos que preservar o folclore é preservar a alma do nosso povo e nossa cultural.

 Prof. Ricardo Assis

domingo, 19 de outubro de 2025

Rotas Turísticas, Religiosas e Culturais em Independência, um Caminho para o Futuro - Prof. Ricardo Assis

Vaqueiros, santos populares, cangaceiros e escravos fazem parte de nossa história.

 


O município de Independência, um dos mais antigos do Ceará, guarda em cada rua, prédio e fazenda, capítulos vivos da história do município. Suas tradições, memórias e crenças formam um patrimônio imensurável que, se bem explorado, pode transformar-se em um verdadeiro motor de desenvolvimento e crescimento para o município. A cidade tem todos os elementos para criar rotas turísticas, religiosas e culturais capazes de atrair visitantes, gerar empregos e fortalecer o sentimento de pertencimento de seu povo.

Independência é um museu a céu aberto. Os prédios centenários no centro da cidade contam histórias de fé e resistência. Na zona rural, as artes rupestres revelam o legado milenar dos primeiros habitantes. Nas antigas fazendas, ainda ecoam as lembranças dos tempos do algodão e da criação de gado, que fizeram do município um polo de riqueza nas décadas passadas. As narrativas sobre cangaceiros, escravos e os vaqueiros poderiam compor rotas temáticas que misturam história, cultura e emoção, resgatando a identidade e o orgulho local.

Fazenda centenária Pitombeira, parte da história do cangaço em Independência.

Na zona rural, há um vasto campo para rotas religiosas e culturais. Lugares de fé, como capelas antigas, santuários e devoções a santos populares, poderiam ser conectados em circuitos que valorizem a religiosidade do povo independente. Essa espiritualidade, tão presente na vida cotidiana, é um traço marcante da cidade e merece ser celebrada, não esquecida.

Enquanto muitos municípios do Ceará já exploram o turismo cultural e religioso como fonte de progresso, Independência ainda guarda suas riquezas no silêncio das memórias. É hora de olhar para o potencial que temos e transformá-lo em oportunidade — com planejamento, incentivo e amor pela nossa terra.

Explorar o turismo histórico, cultural e religioso não é apenas uma forma de gerar renda. É um ato de preservação da identidade, de fortalecimento da comunidade e de reconhecimento do valor do nosso passado. Independência tem tudo para se tornar um roteiro obrigatório do sertão cearense, bastando que acredite em si mesma e dê o primeiro passo rumo a esse futuro promissor.

 Prof. Ricardo Assis



domingo, 5 de outubro de 2025

O mito da manga com leite no Brasil Colonial

Escravo comendo manga com leite no Brasil colonial - imagem criada por IA

 

Entre os muitos causos e crendices que marcaram a vida no Brasil Colonial, poucos se espalharam tanto quanto a ideia de que manga com leite fazia mal à saúde. Até hoje, muita gente já ouviu de pais ou avós a recomendação de não misturar os dois alimentos. Mas de onde surgiu essa crença que atravessou séculos?

Os registros históricos apontam que o mito nasceu ainda nos tempos da escravidão e da formação das grandes fazendas coloniais. O leite era considerado um alimento de grande valor, destinado principalmente aos senhores, colonos e às elites locais. Já a manga, fruto tropical abundante e acessível, era consumida em larga escala pela população pobre e pelos escravizados.

Para evitar que os escravizados consumissem o leite, os senhores criaram a ideia de que misturar leite com manga poderia ser venenoso. Assim, mantinha-se o controle sobre o acesso ao leite, restringindo-o como um privilégio de classe. A proibição funcionava como uma barreira simbólica, sustentada pelo medo e pela ignorância científica da época.

Com o tempo, essa crença foi se tornando parte da cultura popular, passando de geração em geração. Mesmo com o avanço do conhecimento científico e a comprovação de que a mistura não causa nenhum mal — ao contrário, pode até ser nutritiva — a ideia permaneceu viva no imaginário coletivo.

No fundo, a história da manga com leite é um reflexo da desigualdade social e racial do Brasil Colonial, onde até mesmo os hábitos alimentares eram moldados pelo poder e pela hierarquia. O mito não é apenas uma curiosidade folclórica, mas também um símbolo das estratégias de controle e exclusão social utilizadas naquele período.

Hoje, sabemos que manga e leite podem ser combinados sem risco. Sorvetes, vitaminas e sobremesas reúnem os dois ingredientes com sabor e frescor. Ainda assim, o mito resiste, lembrando-nos de como as tradições e narrativas do passado moldam o presente.

O medo de que manga com leite faz mal não tem base científica, mas sim raízes históricas no Brasil Colonial, ligadas à escravidão e ao controle social.

Prof. Ricardo Assis

 

 

domingo, 28 de setembro de 2025

Visita ao suposto Cruzeiro do Frei Vidal da Penha – Prof. Ricardo Assis

Na imagem Sr. Joaquim Augusto Bezerra, Dr. Laureando e Sr. Luizão (Foto: Ricardo Assis)


Tive o prazer de visitar o Cruzeiro localizado na Fazenda do Sr. Monteiro, nas proximidades da AABB. Trata-se de um monumento antigo e carregado de simbolismo, apontado por muitos como sendo o Cruzeiro do Frei Vidal da Penha – embora, até hoje, não exista comprovação documental que ateste essa ligação histórica.

Na ocasião, além de mim (Prof. Ricardo Assis), estiveram presentes o Sr. Joaquim Augusto Bezerra, grande conhecedor da história do município de Independência, o Dr. Laureando e o empresário Sr. Luizão. Foi um encontro marcante, em que a memória, a fé e a história se entrelaçaram diante daquele cruzeiro silencioso, guardião de mistérios do passado.

A foto desse momento registra uma memória afetiva e histórica, ainda que eu não recorde o ano exato da visita – provavelmente entre 1995 e 2000. De todo modo, a lembrança desse encontro ressalta a importância de preservarmos tais marcos culturais.

Independência é um município rico em fatos históricos, e cada registro, cada relato e cada pedra nos ajudam a compreender a trajetória do nosso povo. O Cruzeiro, mesmo envolto em dúvidas quanto à sua origem, segue como um símbolo de fé e identidade, merecendo o olhar atento de todos aqueles que valorizam a memória e a cultura da nossa terra.

 Prof. Ricardo Assis

 


domingo, 14 de setembro de 2025

Artes rupestres de Independência: um tesouro cultural a céu aberto - Prof. Ricardo Assis

Visitando algumas artes rupestres em Independência.

 

Alguns anos atrás, tive a oportunidade de visitar alguns locais em Independência, município que guarda uma riqueza cultural impressionante, as artes rupestres. Espalhadas por diversas localidades, essas pinturas e gravuras em pedra são testemunhos silenciosos de povos antigos que habitaram nossa região, deixando marcas que atravessaram séculos e chegaram até nós. Infelizmente, percebi que muitos desses espaços ainda carecem de maior preservação, valorização e divulgação, tanto por parte do poder público quanto pela própria comunidade.

Em meio às pedras e paisagens sertanejas, encontrei marcas deixadas por povos antigos, verdadeiras obras de arte que resistem ao tempo e nos conectam com a história local. É emocionante perceber que, aqui mesmo, no coração do sertão, temos um patrimônio cultural tão grandioso e pouco explorado.

Esses locais deveriam receber mais atenção e cuidado, pois representam um imenso potencial para o turismo cultural e histórico local. Imagine estudantes e visitantes participando de trilhas educativas, guiadas por professores e pesquisadores, formando uma rede de valorização e proteção desse legado. Além de promover conhecimento, seria uma oportunidade de gerar desenvolvimento sustentável para a região. Independência tem riquezas culturais que merecem ser conhecidas pelo Ceará, Brasil e pelo mundo, e as artes rupestres são um convite para que todos descubram, preservem e se encantem com essa herança que é nossa.

 

Além da beleza natural que envolve essas áreas, as artes rupestres de Independência nos lembram da força e da criatividade dos povos que aqui viveram há milhares de anos. Cada traço gravado na pedra é um convite à imaginação, despertando curiosidade sobre os costumes, crenças e modos de vida daqueles que nos antecederam. É como se cada desenho fosse uma janela aberta para o passado, permitindo que possamos refletir sobre a importância da preservação da memória cultural.

Transformar esse patrimônio em rotas turísticas bem estruturadas seria uma forma de unir história, lazer e desenvolvimento econômico. Independência já é reconhecida por sua hospitalidade e beleza sertaneja, mas poderia brilhar ainda mais ao oferecer roteiros que contemplem visitas guiadas, atividades pedagógicas e experiências imersivas. Assim, turistas, estudantes e moradores teriam a oportunidade de valorizar ainda mais o município, fortalecendo a identidade cultural e projetando Independência como um destino de destaque no turismo histórico e cultural do Ceará.


Prof. Ricardo Assis

 

 

 

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Alunos do 9º ano A e B da E.E.I. Abigail Antunes Marques participam do Projeto Escolar HISTOGRAM – Prof. Ricardo Assis

Alunos da turma do 9º ano A da Escola Abigail Antunes Marques

 

Os alunos do 9º Ano A e B da E.E.I.F. Abigail Antunes Marques estão participando de uma iniciativa inovadora que une passado e presente: o Projeto HISTOGRAM – História + Imagem = Memória Viva.

Idealizado pelo professor de História Ricardo Assis, com a cooperação da profa. Nice Peres, o projeto tem duração de quatro semanas e envolve as disciplinas de História e Geografia em uma proposta multidisciplinar, criativa e conectada ao universo digital dos estudantes.

O objetivo central do HISTOGRAM é estudar e valorizar a história do município de Independência por meio do reconhecimento e registro de seus prédios antigos. Mais do que simples construções, esses espaços guardam memórias, tradições e marcos da identidade cultural da cidade.

Alunos da turma do 9º ano B da Escola Abigail Antunes Marques

Os alunos são convidados a explorar o município, registrar fotograficamente os prédios de valor histórico e, a partir disso, construir narrativas que contemplem não apenas a arquitetura, mas também o contexto social, político e cultural em que esses espaços estão inseridos.

Um dos diferenciais do projeto é o uso do Instagram como ferramenta de divulgação cultural e educativa. Por meio da rede social, os estudantes publicam suas fotos e pesquisas, transformando a plataforma em uma vitrine de memória e preservação patrimonial.

 O HISTOGRAM busca:

ü  Desenvolver o senso de pertencimento e identidade cultural local;

ü  Estimular a pesquisa histórica e o registro fotográfico;

ü  Integrar saberes de História, Geografia e Tecnologias Digitais;

ü  Promover o uso consciente e educativo do Instagram;

ü  Incentivar a criatividade;

ü  Valorizar o patrimônio histórico e arquitetônico de Independência.

Com essa proposta, os alunos tornam-se protagonistas no resgate e preservação da história local, enquanto exercitam o olhar crítico, artístico e cidadão. O projeto, ao mesmo tempo em que revisita o passado, dialoga com as novas tecnologias e linguagens da juventude, tornando a memória da cidade viva, acessível e compartilhada.

 


domingo, 10 de agosto de 2025

Primeira turma de História formada em Independência - Prof. Ricardo Assis

Aula de campo Museu do Escravo Liberto - Redenção em 2006 

 

Formada no município de Independência, a nossa turma de História foi um grupo especial, divertido, unido (cada um tinha seu grupinho) e muito estudioso. Durante cinco anos de jornada acadêmica, vivemos intensamente trabalhos, avaliações e seminários. Cada desafio nos aproximava ainda mais do nosso objetivo, aprender e crescer.

A turma foi formada pela IVA – Instituto Vale do Acaraú, vinculado à Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), instituição que foi fundamental para a nossa formação acadêmica. Foi através dela que tivemos acesso a professores dedicados, conteúdos de qualidade e oportunidades de vivenciar experiências que marcaram nossa trajetória na educação.

Hoje, a maioria de nós atua como professor na rede municipal e estadual, levando para a sala de aula o exemplo de dedicação e compromisso que construímos juntos. Somos prova de que, com foco e esforço, é possível transformar conhecimento em educação de qualidade.

Foram tempos bons, que não voltam mais. Uma época em que as dificuldades eram muitas e a tecnologia ainda não era nossa aliada. Pesquisar significava ir até a biblioteca, folhear livros, buscar nas páginas impressas as respostas que hoje se encontram em segundos na internet.

A foto que ilustra essa lembrança foi registrada no dia 21 de julho de 2006, durante uma visita ao Museu Senzala Negro Liberto, em Redenção. Não recordo exatamente a disciplina ou o nome da professora responsável, mas tenho certeza de que aquela aula de campo nos trouxe não só um grande aprendizado acadêmico, mas também uma lição de vida que carrego até hoje na minha trajetória profissional.

Foi mais que uma turma de História, foi uma história de amizade, superação e amor pelo saber.

Prof. Ricardo Assis

domingo, 20 de julho de 2025

Francês Torres um exemplo de liderança e carisma na história política de Independência - Prof. Ricardo Assis

Ex-prefeito Francês Torres, uma das maiores lideranças politica de 
Independência.



 

Em tempos de transformações políticas e de uma juventude cada vez mais interessada no futuro do município de Independência, relembrar nomes como o de Francisco Rodrigues Torres, mais conhecido carinhosamente como Francês Torres, é resgatar uma trajetória marcada por compromisso, humildade e um forte carinho com o povo.

Francês Torres construiu uma das mais sólidas e respeitadas carreiras políticas do municipio de Independência e região de Crateús, sendo reconhecido não apenas por sua atuação na prefeitura, mas pelo carisma e pela maneira humana com que tratava cada cidadão, do mais simples ao mais importante. Ainda hoje, sua residência recebe visitas de amigos e admiradores que compartilham histórias e aprendizados, perpetuando seu legado.

Sua entrada na vida pública teve o importante apoio de outra grande liderança de Independência: Adonias Carneiro Portela, que se tornou seu padrinho político. Sob a orientação e incentivo de Adonias, Francês Torres começou sua trajetória na Câmara Municipal, onde exerceu quatro mandatos consecutivos como vereador:

  • 1971 a 1972, na gestão do prefeito Francisco Expedito Alves;
  • 1973 a 1976, sob a administração da prefeita Guiomar Machado Portela;
  • 1977 a 1982, durante o governo de Valdemar Vieira Coutinho;
  • 1983 a 1988, ao lado do prefeito Adonias Carneiro Portela.

Sua destacada atuação no Legislativo o credenciou à liderança do Executivo municipal, sendo prefeito de Independência em dois períodos:

  • 1989 a 1993
  • 2001 a 2004

 

Ao longo desses mandatos, Francês Torres consolidou uma política de diálogo, acolhimento e simplicidade. Ele sabia ouvir, conversar e, acima de tudo, estar presente, o que o transformou em uma das maiores lideranças políticas da história de Independência.

Seu nome é frequentemente citado como inspiração entre os jovens que desejam ingressar na política, pois seu exemplo é prova de que é possível governar com empatia, responsabilidade e respeito às necessidades do povo.

Hoje, mais do que um nome na galeria dos ex-prefeitos, Francês Torres representa um capítulo vivo da história de Independência, um exemplo de homem público que soube, com firmeza e gentileza, deixar sua marca no coração do povo e na história do município de Independência.

Ex-prefeito Francês Torres não foi apenas um político. Foi, e continua sendo, uma referência. Que os futuros políticos de hoje e de amanhã saibam reconhecer nesse exemplo a essência da verdadeira política, servir ao povo com respeito.

Prof. Ricardo Assis

 


quarta-feira, 16 de julho de 2025

A Fé que resiste ao tempo, festejos de Senhora Sant’Ana em Independência-CE - Prof. Ricardo Assis


 

A imagem acima eterniza um momento emblemático da religiosidade popular de Independência, Ceará. Trata-se de uma procissão dos Festejos de Senhora Sant’Ana, padroeira do município, em registro datado de 1978, quando Dom Fragoso e Padre Mourão conduziam, com fé e devoção, uma multidão em oração. A cena transborda tradição: padres, fiéis, crianças e anciãos unidos em um só espírito — o da fé.

Todos os anos, no dia 16 de julho, a cidade se veste de esperança e religiosidade com o início da festa de Senhora Sant’Ana. As ruas são enfeitadas com bandelolas coloridas, o som dos sinos ecoa da matriz, e o cheiro da comida típica mistura-se com o perfume das flores ofertadas à santa. É um tempo de reencontro entre os filhos da terra, de promessas renovadas e de fé fortalecida pela tradição centenária.

A origem dessa devoção remonta à criação da freguesia local, conforme o Decreto Provincial nº 356, de 15 de setembro de 1853, quando a então povoação passou a se chamar freguesia de Pelo Sinal, desmembrando-se de Príncipe Imperial (atual Crateús). O primeiro pároco foi o Padre Antonio Ricardo Cavalcante de Albuquerque, sucedido após sua morte pelo Padre José de Araújo Galvão, que também deixou seu legado na organização religiosa da comunidade.

Essa história de fé está impregnada em cada detalhe das festividades: desde as novenas, os leilões e os gestos simples de devoção até a grandiosa procissão que, ano após ano, emociona moradores e visitantes. A religiosidade do povo de Independência é marcada por uma espiritualidade autêntica, que resiste ao tempo e mantém viva a chama da esperança.

A imagem de 1978, agora digitalizada e preservada, é mais do que uma fotografia, é um testemunho histórico de um povo que nunca deixou de acreditar. Em cada rosto, um traço de devoção. Em cada passo, a continuidade de uma fé que transcende gerações.

Viva Senhora Sant’Ana!

Prof. Ricardo Assis

 

domingo, 29 de junho de 2025

O encontro entre Frei Vidal da Penha e Cap. José Ferreira de Melo - Prof. Ricardo Assis

Imagem criada por IA

 

Às margens do século XIX, nas estepes sertanejas do Ceará, o frade capuchinho italiano conhecido como Frei Vidal da Penha (cujo verdadeiro nome era Vitale de Frascarolo, ou Frescarello) itinerava pela região nordestina pregando suas fervorosas missões. Oriundo do Convento de Nossa Senhora da Penha, no Recife, Frei Vidal tornou-se célebre por seus sermões inflados de fé e profecias, atraindo multidões por onde passava.

Em uma manhã radiosa, ele teria chegado à Fazenda Pelo Sinal, propriedade do fazendeiro José Ferreira de Melo, fundador do município de Independência. Segundo a tradição oral, Frei Vidal foi recebido na Fazenda Pelo Sinal e, ao fim de sua prédica, recomendou enfaticamente que se construísse uma capela para as orações da população.

O senhor José Ferreira de Melo atendeu ao pedido e as obras teriam sido iniciadas, sendo finalizadas por volta de 1810. Em torno da capela de Nossa Senhora Santana formou-se um pequeno arraial, o qual mais tarde recebeu o nome de “Pelo Sinal” — que só se tornaria distrito em 1836 e depois município chamado Independência. Diz-se que a promessa feita naquele encontro foi cumprida, e que a fé local ali se enraizou.

Um aviso sobre fontes históricas

É importante destacar que não há registros documentais ou primários (escrituras, documentos, atas de fazenda, correspondências da época) que comprovem o encontro entre Frei Vidal da Penha e o Cap. José Ferreira de Melo na fazenda Pelo Sinal. Todo o caso é sustentado por tradição oral, relatos secundários e memórias coletivas.

O suposto encontro entre Frei Vidal da Penha e José Ferreira de Melo, resultando na construção da capela de Nossa Senhora Santana e no surgimento de “Pelo Sinal”, compõe uma narrativa rica e simbólica da identidade local. No entanto, falta documentação histórica contemporânea que o confirme — portanto, permanece no campo da memória coletiva e da tradição popular, valiosa culturalmente, mas não comprovada definitivamente.

Prof. Ricardo Assis